Marcos chegou em casa cansado. Já era noite de domingo, quase 22:00 horas. Havia voltado do futebol com alguns amigos de serviço. Ele adorava futebol, mas nunca foi grande coisa no futebol arte. Esta noite porém ele se superou, marcou 3 ou 4 gols, deu passe para vários outros, fez a jogada que decidiu a partida e nem saiu cansado. É claro que nem tudo foi perfeito: a quadra era uma merda, havia buracos do tamanho daqueles do acidente do metrô de SP, os companheiros de time eram péssimos e ele estava com um vergão enorme e vermelho no braço, tamanha foi a bolada que o acertaram. Tá bom, antes nele do que no gol.
Quando Marcos chegou foi direto para o banho, mas não sem antes sentar-se no chão e aliviar suas chuteiras das raspas de borracha do piso society. Suas pernas agora estavam doendo, doendo como nunca. Marcos não jogava bola fazia semanas.
Ao sair do banho passou pelo quarto de sua mãe, ela lhe chamou e ele entrou. Ela pediu que ele repousasse sua cabeça sobre seus braços e entre um afago e outro começou aqueles papos de mãe. Ela era uma senhora meio carente e muito apegada aos filhos, dotada de um altruismo único e uma força de vontade maior ainda. Pos-se a resenhar.
Marcos não era muito de se abrir em conversas, apenas em situações de alto teor alcoólico, mas resolveu abrir uma excessão. Falou um pouco sobre o que lhe afligia, sobre seu futuro, suas decepções e a mãe com paciência e sapiência argumentava com ele.
Ao final da conversa, já caindo de sono, ele se despede e a beija na testa. Quando estava quase saindo, se vira para sua mãe e diz com a maior sinceridade do mundo:
- Sabe mãe... tu é uma pessoa maravilhosa!
A mãe de Marcos deveria ter gravado aquilo. Elogios são coisas que não existem no vocabulário de Marcos, exceto aqueles com palavras de baixo calão. O fato é que ele sentiu que precisava dizer aquilo. Mães gostam de ser elogiadas, principalmente pelo almoço de domingo.
Marcos passou uma hora no computador e foi dormir em paz.
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