Nunca soube de onde ela aparecia, pois sempre que eu olhava para o horizonte, lá estava ela chegando, como num passe de mágica, minutos antes do ônibus matinal.
Era ruiva. Eu adoro as ruivas, vejo nelas um charme incomparável. Aquele cabelo cor de cobre me deixava com tesão.
Tinha por volta de seus 20 anos, baixinha, de 1,60m mais ou menos, cara de invocada. Estava sempre com uma sóbria baby look e deixava aparecer uns 2 ou 3 centímetros de sua barriguinha, o que já me deixava instigado. Os peitos eram um espetáculo a parte, salientes e provocantes, faziam questão de dar o ar da graça escondidos atrás da blusa apertada. Sempre de calça jeans e tênis esportivos, tinha olhos como da cor do café, não do café como líquido, mas do grão torrado. Lábios carnudos, algumas sardas típicas e uma bela silhueta.
Quando chegava, não fazia questão de me olhar no rosto, mas olhava. Logo desviava a atenção e sentava lindamente no banco de madeira da parada. Sentada ali, não enxergava mais ninguém e se colocava a esperar de um jeito impaciente pelo ônibus.
Na hora de embarcar eu torcia para que pudesse entrar logo após dela e assim poder observar, enquanto subia a escada, aquela bunda carnuda e aredondada, que deixava a mostra os mesmos poucos centímetros do belo coccíx com suas duas covinhas. E que pele branquinha. Me lembrava aquelas propagandas da Parmalat onde as criancinhas se esbaldavam com leite e ficava até aquele bigodinho.
Ahhhhhhh, era a melhor parte do meu dia. Quem me derá fosse eu a se esbaldar naquele traseiro aveludado. Provocante. Ela religiosamente se escondia naquele canto entre o cobrador e o banco do velhinhos, deixava a roleta para mais tarde. Ficava ali para evitar a confusão do ônibus lotado e para observar nós, reles mortais a se espremer e procurar um lugar para se segurar do chacoalhar da lata de sardinha ambulante.
Até o ônibus esvaziar um pouco eu não a via mais. Era como uma angústia, uma ânsia de vê-la novamente, e logo ela aparecia para confortar meu olhar. Por algumas vezes reparei em uma aliança de compromisso em sua mão direita, mas nunca dei muita bola para isso. Namorados vem e vão, é fato.
Quando o ônibus estava chegando na parada dela, a pequena gentilmente se dirigia ao cobrador, lhe dava a passagem em dinheiro, sempre no valor exato e com um suave balançar dos quadris passava pela roleta. Caminhava em direção a porta de saída, mas não sem antes me dar um último olhar, como quem diz: "É bom que você ainda esteja me olhando.". Saia e desaparecia, da mesma for enigmática como surgia da neblina minutos antes.
Não sei o nome dela e é melhor que fique assim. Algumas coisas são melhores em nossa imaginação do que na realidade.

Um comentário:
Hahahahaha..
Fico muito bom o post em :D
Anciosa pra outra história amanhã!
Beijo
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