Hoje de noite fui procurar a minha certidão de nascimento, a pedido de uma amiga minha, pois ela precisava de uma cópia para ir num show ou algo do tipo. Enfim, procurei, procurei, procurei e nada!
Em compensação encontrei um pouco de mim e da minha história em folhas de papel e fotos.
Encontrei um trabalho de inglês dos meus tempos de escola, na verdade do meu último ano de escola, e isso me fez lembrar de como eram as coisas naquele tempo. Havia descoberto minha primeira paixão, paixão mesmo. Tinha um grupo de amigos que eram terríveis, eu também era é claro. Os sentimentos da adolêscencia ainda borbulhavam em minha cabeça, como sopa no fogão a lenha, era tudo uma enorme confusão, um misto de felicidade e tristeza. Eu era incrivelmente feliz e livre, e não sabia.
Bom, continuando com meus achados (e perdidos), encontrei uma foto de uns 4 ou 5 anos atrás, essa sim me fez pensar muito em minha vida. Na foto estavam minha mãe sentada ao lado do meu cachorro, o Snoopy, que neste exato momento está dormindo no meu sofá; minha dinda sentada em uma cadeira de praia e minha amada avó. Só de me lembrar já choro. Minha avó faleceu no dia 6 de setembro de 2005 se não me falha a memória. Era um dia quente de inverno, mas minha mãe sempre me diz que estava nublado. Quando eu soube da notícia da morte dela eu me sentei na área de casa e chorei, chorei como um bebê, chorei como um homem. Sabia que dali em diante estaria sem a minha querida companheira, cozinheira e conselheira. Não havia nada que pudesse me confortar naquele momente, apenas a solidão. No outro dia quando fui a escola, meu coração, ou melhor, a área do meu cérebro responsável pelos sentimentos estava em pedaços, não conseguia pensar em nada, a não ser nela. E parecia que ninguém estava ligando para o que havia acontecido em minha família. Juro, naquele dia queria matar todo mundo que aparecesse na minha frente, depois eu sentaria na grama, o sol me cobriria com seu calor e eu durmiria para lembrar como era estar com a minha vó. Não acredito em Deus, mas se ele existir, que cuide muito bem dela. E se Deus estiver com fome, eu sugiro o carreteiro dela, era algo surreal.
Voltando a foto, nela estavam todos felizes, parecia ser um ensolarado dia de outono, daqueles que dão nostalgia. Fechei os olhos, apertei as lágrimas e desejei voltar a aquele dia, naquele instante, mas isso só acontece em filmes, como todos nós sabemos. Decidi escania-la e a nomeei de "saudade.jpg".
Encontrei também camisetas que guardo com enorme zelo, são todas do meu antigo colégio, tem até uma da minha primeira série. Tem algumas de gincanas e outras de formatura. A maioria já criou algum tipo de mofo ou bolor.
Umas das coisas que mais me chamou a atenção foi um book de fotos da minha irmã, de uns 6 anos atrás. Todas as fotos foram tiradas no hotel fazenda em que costumamos nos hospedar, quase todos os anos. Porém, a supresa veio quando eu também apareci em algumas das fotos. Um cara magrão, de cabelos compridos, braços finos e olhos verdes claríssimos. Quem não me conhece diria que eu era algum tipo de jovem prodígio da rede Globo que estava atuando em uma novela praiana das 8. Percebi que eu envelheci, mas muito mais do que imaginava. Agora tenho cabelos curtos e braços mais grossos, mas ainda me chamam de magrão como um apelido rotineiro e meus olhos ainda são verdes, mas acho que não tão verdes como nas fotos.
Por último, encontrei meu álbum de bebê, aqueles que quase toda a criança tem, com algumas fotos, registros do primeiro banho, primeiro engatinhar, primeiro corte de cabelo e essas coisas de mamãe e papais. Acabei encontrando a tão procurada certidão de nascimento, mas isso não era nada, comparado a outra coisa que encontrei em meu álbum. Folheando as páginas me lembrei de algo que a minha mãe sempre comentou comigo, quando eu nasci, meus olhos eram azuis claríssimos e meu cabelo era escuro. Sempre achei esse meu álbum incrivelmente intrigante e fascinante, é uma parte da minha vida que eu não me lembro. Acho que não nos lembramos de nossa vida como bebês, pois essas lembraças seriam tão doces que ficariamos depressivos pelo resto de nossas vidas sabendo que o tempo não volta nunca. Tenho esse álbum como relíquia. Se minha casa queimasse seria um dos objetos que eu faria questão de salvar.
Bom, a parte mais "chocante" desse meu álbum, que me fez chorar e parar pra pensar em tudo que tenho feito para minha família, foi escrita pela minha mãe. É uma nota em meu álbum que diz exatamente assim...
" * Dia 12.05.91. Primeiro ano de "mamãe" e ninguém de casa me felicitou, nem vovó, nem dinda, nem o papai. Eu "mamãe", fiquei muito sentida. Mas espero que ao cresceres filhão tu me abraces em todos os dias, pois o dia da mãe é todo o dia!
EU TE AMO,FILHO!"
Vocês não fazem idéia de como estou neste momento. Ao terminar de ler este trecho do álbum não tive mais coragem de virar as páginas, pois me dei conta que como tenho sido um filho mediocre, mesquinho, ignorante! Em meio as lágrimas, tive vontade de abraçar a minha mãe no momento em que li este trecho, e pedir a ela mil desculpas. Não sei porque não o fiz.
Infelizmente eu não a abraço todos os dias. Confesso que não faço isso a algum tempo.
Espero do fundo do coração que todas essas minhas palavras sirvam de reflexão a todos os filhos e filhas deste mundo, não importando a idade de cada um. As mães, eu peço desculpas por todos os erros de seus filhos para com sua progenitora. Tudo isso que relatei aqui foi real, e me seviu de lição.
Não sei mais o que escrever, neste momento estou muito confuso e triste. Perdoem qualquer erro de português meu neste texto, ele foi escrito na mesma hora em meus pensamentos eras formulados, não houve espaços para prévia análise do conteúdo, tamanha era a emoção do momente.
A seguir, a foto que detalhei alguns parágrafos acima.
Um grande abraço a todas as mães. MÃE, EU TAMBÉM TE AMO, MUITO!

Um comentário:
Nossa Matheus, lendo esse teu texto e vendo que em partes ''ajudei'' pra tudo isso acontecer contigo.. Nossa, me fez perceber bastante coisa também..
beijos
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